quinta-feira, 28 de março de 2013

CRÍTICA - Os Croods



Os Croods é prova do quanto a produtora cresceu no ramo de animações


OS CROODS - The Croods


Sentar na poltrona do cinema ultimamente tem sido quase uma viagem. A combinação da criatividade de certos diretores e produtores somada a tela grande e a tecnologia 3D possibilitam a estruturação de imagens muito além do esperado. Filmes de computação gráfica, como Os Croods, apresentam ao público, por meio de panorâmicas e tomadas aéreas, um mundo completamente novo, com paisagens e cenários que chegam a proporcionar a sensação de não estar mais em casa, e sim dentro da tela. A nova animação da DreamWorks mostra o quanto a produtora cresceu e passou a pensar em algo mais do que apenas dinheiro.

Em Os Croods a empresa que fez Shrek, Madagascar e Kung Fu Panda, dá ao público um breve vislumbre de grandiosidade. Ao contrário do que fez em seus filmes anteriores, que o objetivo maior era construir uma história simples e proporcionar muitas risadas, desta vez o que vemos é uma animação mais madura, cercada de dramas e com momentos de tensão e comoventes, um produto pensado não apenas para crianças, mas para a família inteira. Prova de que alguém lá dentro está finalmente prestando atenção e tomando notas da maneira Pixar de fazer animações.

A história começa com a jovem Eep, dublada por Emma Stone - em grande fase após Espetacular Homem Aranha - apresentando a dinâmica no filme. Com desenhos rupestres e uma narração, ela conta como são seus dias na idade da pedra e a formação de sua família, que tem a mesma estrutura de tantas já conhecidas nos seriados de televisão norte-americanos: pai, mãe, vovó, irmão mais novo, bebê, e adolescente com crise existencial. A estratégia funciona, e possibilita ao filme apresentar uma primeira cena animada com grande ação, mas peca em retirar isso cirurgicamente da fita, em momento algum o filme volta a apresentar as pinturas ou a narradora, o que deixa o primeiro ato isolado do resto da história.

O enredo que segue é linear, a família de Eep é neardental e eles presenciam a separação dos continentes da grande Pangeia, fenômeno que eles chamam de “fim do mundo”. Como sua caverna é destruída eles são forçados a encontrar um novo lar, e é aí que tem início a relação mais interessante do filme. Eep apresenta para sua família Guy, um garoto que ela acabara de conhecer, cheio de histórias e com a capacidade de criar fogo. Guy, dublado por Ryan Reynolds, bate de frente com o personagem de Nicolas Cage, Grug, o pai da família. Jovem e velho dão início a um embate que se estende por boa parte do filme, um contraste entre a força bruta e a inteligência, entre o instinto e a perspicácia, uma temática adulta que se manteve distante dos filmes da DreamWorks até o momento.

A dublagem é magistral. Os três protagonistas são trabalhados com boa expressão facial e deixam evidente o esforço de Cage e seus colegas na mesa de som. Emma Stone se mostra muito melhor como dubladora do que como atriz de filmes adolescentes, resultado do longo período em que o filme foi produzido.

O 3D foi usado na medida, proporciona a nitidez e veracidade do cenário, mesmo em um filme que a todo o momento cria novas paisagens e animais nunca antes vistos, mas se mantém escondido para grandes cenas. Se o fogo foi a grande descoberta para os homens das cavernas, o 3D de Os Croods passa essa sensação. Em vez de seguir pelo caminho da maioria dos filmes atuais, que se limitam a jogar coisas na cara dos espectadores, a dupla de direção, Kirk De Micco e Chris Sanders, encontrou a receita certa para sua criação. Os momentos altos em três dimensões limitam-se apenas ao fogo, o que pode ser testemunhado já na primeira cena quando uma tocha está queimando e dá partida à história de Eep. Resultado magistral de alguém que desenvolveu um filme durante dois anos e meio e prestou atenção na evolução das tecnologias cinematográficas.

Os Croods é um filme para a família, apesar de abandonar um pouco a atenção às crianças para se dedicar no público de mais idade. Tem uma proposta diferente daquela que a produtora usava em suas demais criações, e a cumpre com louvor. Mescla momentos de ação, drama e comédia na medida certa, com personagens carismáticos e marcantes, como o peculiar tigre-dentes-de-sabre, e a preguiça cor de rosa. Sem dúvida o primeiro passo de um grupo que compreendeu a fórmula para uma boa animação.


Diogo S. Campos



Um comentário: