sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Histórias de Jake – A Garota das Fadas

Histórias de Jake tem um novo cenário.
A Loira de olhos mesclados já não faz parte dos pensamentos cotidianos.
Os desafios são novos.

E...


Ele está mudado.



Não era nada parecido com o que imaginara.
E nem perto de ser tão fácil.
O quarto era pequeno e abafado, no auge do verão no litoral, suava mais rápido do que conseguia tomar água, o ventilador ligado vinte e cinco horas por dia no topo do quarto não surtia efeito.
O tempo lhe driblava,
pois as nuvens nubladas do início da manhã o faziam sair com mangas longas,
para arrepender-se amargamente ao sol das nove da manhã.

Abandonara tudo o que acontecera antes.
Começara novamente.
Um novo amigo.
Um coração fechado a novas paixões,
ou ao menos assim acreditava.
A busca incessante por emprego lhe tomava a maior parte do tempo,
não era mais o garoto que trabalhava para o papai,
era hora de caminhar com as próprias pernas.

Foram três semanas até o primeiro pulo de alegria.

Um amigo idêntico a si.
Duas diferenças,
o time do peito e o gosto por mulheres.

Um emprego,
na mesma área da faculdade,
ou ao menos a área que ele descobriria que era bom.

E...
Uma nova amiga?
Baixinha de cabelos curtos e um sorriso de criança.
Foi ela quem sentou ao seu lado no banco do corredor da faculdade.

-Calouro?

Se fosse esperto o suficiente teria respondido não.
Se fosse esperto o suficiente, nada do que se seguiu teria acontecido.
Teria se arrependido.

Ela tinha as pernas cruzadas e mascava goma de mascar,
A figura na morena de cabelos encaracolados em "Cem Garotas"
Ele não pode deixar de fazer a associação.
Muito elas se pareceriam dali para frente.

Foi a primeira vez que conversou sobre os prazeres da carne com uma garota tão logo a conhecera.
Uma novidade, e para uma cabeça tão pouco treinada, se deixou levar.
Mas não esquecera certos princípios.
Certos valores.
Nem certas frustrações passadas.

Dois meses.
Já ganhava mais nessa época.
A rotina era mais apertada, mas a felicidade já tomava mais parte de seu peito do que jamais ocupara nos últimos tempos.

Foi em uma quinta feira.
SEMPRE
é uma quinta feira.
As boas e as más.
Foi uma quinta feira aquela noite sob a chuva.
Mas desta vez, o céu não chorava.

Saiu de sua aula favorita.
Encontrou com ela.
A garota com sorriso de criança.
Não eram colegas,
foram jogados um contra o outro pelas emaranhadas trilhas no mato que dão o nome de destino.

Ela dizia querer só amizade.
Mas seus lábios eram a única parte que acreditavam nisso.
Não, pensando melhor...
Nem mesmo eles.

Sentaram na grama, ao lado da parada de ônibus.
A rua estava movimentada,
A noite era tão quente quando o dia, mas sem o vento.
Uma estufa a céu aberto.
Ele sentava escorado para trás, apoiando-se nos braços.
Conversavam descontraidamente,
riam alto.
ela sentada pouco mais a frente, tinha um sorriso encantador.
Não sabia por que se encantara com ela.
Ela não tinha nada do que ele esperava.
Contavam-se segredos.
Ele sabia quantas flores ela já plantara na cabeça do namorado.
Quantas e como.
E quando.
Nada lhe era atrativo.
ou ao menos...
não deveria ser.
Não gostaria que fosse.

Não nascera para ser apenas mais um na lista de alguém.
Não,
Fora decepcionado e ferido.
Não seria novamente.
Doce Ilusão.

Ela se aproximou dele.
Ainda riam.
Ele não afastou o corpo.
Queria ver até onde ela iria.
Se era mesmo aquilo que julgava.
Sabia que era.
Ela parou de rir.
Quase parou de respirar.
Fechou os olhos.
Os braços cruzados diante dos seios.
Quase se deitou sobre o peito dele.
Sentiam um a respiração do outro.
Os lábios se aproximando,
a excitação aumentando...

Ele sorriu.

-O que você pensa que sou?

Ele perguntou e ela abriu os olhos assustada.

-Que eu sou como qualquer um desses que você sai? Que eu sou desses que você sai na mesma noite que conhece, ou que sou igual aquilo que te espera em casa e você está junto há quatro anos!? Acha que vou me subjugar a você, te beijar aqui e esquecer depois? Ou ser esquecido? Não me trate como os homens com quem você tem saído. Não sou como eles. Se um dia acontecer entre nós. Será de verdade, e não uma brincadeirinha boba sem sentido algum.

Ela afastara-se um pouco.
O carro que viria buscá-la buzinou há alguns metros dali.
Ele levantou primeiro.

-Boa noite.

Virou-se e começou a caminhar.
Não olhou para trás uma vez sequer.
Não podia.
Se virasse,
ela veria o sorriso de satisfação em seus lábios.

Ele estava diferente.


Um Grande Abraço
Diogo S.Campos

Um comentário:

  1. Quão sublime e frustrante pode ser conhecer alguém... ahaha coitada da garotas das fadas voltou para o bosque encontrar os duendes kkkk
    Bjo

    Keli

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