sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Histórias de Jake - Dia da Independência

Sete de setembro,



uma cidade pequena

duas pessoas,

duas festas.

Um problema.


O episódio das pessoas esquisitas na festa estranha já se tornara um pontinho negro no horizonte.

-mas ainda estava lá.


-Já decidiu em qual das festas você vai? –ele perguntou, embora já soubesse a resposta.

-Eu queria ir contigo -respondeu a loira de olhos azuis e verdes- mas meu amigo está de aniversário e ele vai na outra.

-Hum...

o tipo de murmúrio que alguém faz quando não acredita naquilo que ouve

mas não dando muita importância

-ou dizendo isso para si mesmo-

ele aceitou.


-Por que você não vai comigo comemorar o aniversário dele na outra festa?


Uma casa de festa no lado norte da cidade.

Uma casa de campo com salão de festas no lado sul.

Ele tinha os amigos gregos de um lado,

e Helena com os troianos do outro.

Os exércitos avançavam de ambos os lados,

e de olhos fechados,

ele aguardava o estrondo.


GREGOS


Ele não deu uma resposta.

ao menos não com palavras.


-Então... divirta-se. -disse Helena.

-Você também.


O Bacanal rotineiro que antecede as festas,

foi na casa do Judas.

O argumento de que beber não é necessário para se divertir pode até ser válido,

mas com uma certa ingestão de álcool,

tudo fica com um certo brilho,

uma música ruim lhe parece boa,

uma pessoa chata torna-se suportável,

uma garota feia fica parecida com a Natalie Portman,

uma piada sem graça faz multidões rir...

Álcool é o melhor pior amigo

das melhores horas.

ou...


Ele não bebeu nesta noite.

Ele deixou sua garota ir para outra festa,

e ele sentia,

sentiu a noite toda,

que não devia tê-lo feito.


Duas da Madrugada.

O celular toca.

ELA.


-Alô.

Barulho.

Muito barulho.

Uma fala...


indecifrável.


-Fale mais alto! Não escuto.

O mesmo barulho,

gritaria,



...............chiados


ruídos..........


-Alô! Não estou entendendo!

Apenas o barulho respondeu.


Antes que pudesse voltar a festa,

o celular tocou novamente.


Uma reprise do episódio anterior.

Ele desligou e voltou para festa.

O celular tocaria ainda três vezes,

então a preocupação o faria agir.


O amigo fotógrafo precisou de um convencimento para levá-lo até a outra festa.

Duas garotas.

Qual homem recusaria um favor?

uma já teria sido o suficiente.

Entraram em quatro no carro.

O fotógrafo e a morena na frente.

Ele e a loira baixinha de peito inflado no banco de trás.

-aí o fraco dele por esse tipo de garotas, carma-


Não importa o que as más línguas tenha dito após esse dia.

Ele não tocou na loira,

deixou os três assim que chegaram na casa de campo do lado sul,

o que os três fizeram após isso?

não sabia,

não importava,

não era por isso que fora até ali,

fora até ali porque algo estava errado,

sentia isso.


Atravessou o salão de festas como o sonar de um submarino,

nada.

saiu pela porta dos fundos,

seguiu a estrada de tijolinhos amarelos até o açude na parte inferior do lugar

Ela vinha em sua direção.


Ela,

o amigo aniversariante no dia da independência,

e a garota de nome peculiar

que ainda ganharia muito espaço nessas histórias.


Ele descia pela estrada,

ela subia.


Ou tentava,

as pernas trançavam uma contra a outra.

bebera,

e não bebera pouco.

Não foi a primeira vez que viu aquele sorriso em seu rosto.

Não foi a primeira vez que queria beijá-la,

e ela tomava outro rumo.


Passou por ele como se não o reconhecesse.

Ele virou-se,

a segurou pela mão.

Ela puxou o braço.


As palavras que lhe foram ditas nunca mais foram repetidas.

Nem mesmo para ela,

quando esta dissera que não se lembrava.


-O que eu vou ter que fazer para você entender!? O que vou ter que dizer!? EU NÃO TE AMO! Quantos caras vou ter que beijar na tua frente? Quantas desculpas vou ter que inventar para não estar contigo? Deixe-me em paz! Suma da minha frente! Deixe-me VIVER!


Sem derramar lágrimas,

o peito cheio

mais de raiva do que mágoas,

ele foi sutil e sereno.


-Não precisava inventar,

não precisava ter beijado outro.

Bastava,

simplesmente,

ter me falado.


Foi embora.


Como a noite terminou para ela

nunca soube.

Mas foi às duas da tarde do dia seguinte que recebeu a mensagem em seu celular,

Como se nada tivesse acontecido na noite anterior,

ou ao menos,

como ela alegou depois,

não se lembrava.


"Eu te liguei ontem de madrugada?"



Um Grande Abraço
Diogo S.Campos

3 comentários:

  1. Não creio! hahaha
    Que raiva ia me dar se isso tivesse acontecido comigo!
    Boa história.. essa superou as outras com um excelente final, parabéns!
    bjos

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  2. Mas que loirinha "queridinha" hehehehe
    bjs

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  3. Haha... e continua na próxima história :D

    Abraços, Keli

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