Histórias de Jake - Carnaval

Era para ter sido um Carnaval Formidável.

Recebi meu melhor amigo naquele dia. Conhecemo-nos na pré escola e desde então nos tornamos inseparáveis -em sentido figurado, já que não morávamos na mesma cidade há três ou quatro anos.

Ele viajou uns, como dizer, não tenho certeza, 600 quilômetros para me encontrar e

passar dois ou três dias juntos.

Meu amigo tem minha idade, apenas alguns meses mais novo. Em alguns aspectos sou melhor e mais maduro, em outros ele ganha, e dirigir é sem duvida um deles. Ganhou um Corola de sua mãe quando esta comprou um modelo mais novo para si mesma.

Não só me fez esta visita, como veio acompanhado de minha mãe, que há meses eu não via.

Chegaram no meio da tarde, me encontraram no trabalho e saímos.

Primeira parada minha casa, é claro, trocar de roupa, ficar mais sossegado, em seguida, precisávamos de ingreços.

Ingreços para uma "pequeeeena" festinha na cidade vizinha.

-Sabe onde compramos? -ele me perguntou.

-Não, mas sei quem sabe.

-Mostre o caminho.

Meu sorriso debochado e ao mesmo tempo envergonhado foi o suficiente para ele dar uma boa gargalhada.

-Tá bom, tá bom. Pega o GPS ali no porta luvas.

Não devo deixar de mencionar que o GPS nos levou até o lugar certo, mas agora que sei onde fica a casa que queria ir, posso dizer que aquele aparelhinho nos guiou por umas ruas muito alternativas.

É uma loira escultural. Exatamente o meu número -como diria meu amigo horas mais tarde.

Baixinha de peito inflado e olhos claros.

-a história há de mostrar que tenho um fraco por tal perfil, mas isso é para outra hora.

Ela me perguntou que carro estávamos.

Respondi "Um Corola"

-Não o nome! Não conheço carros, que cor é?

Vontade que tive foi responder "Cor de burro quando foge". Verdade, o Toyota dele tem uma

cor indefinida, parte dourado, marrom cruzado com amarelo e um leve toque de prata. (nota: homem escrevendo, não conheço cores)

-Estamos em frente a uma farmácia.

-Sim, eu moro aqui em cima, já estou descendo.

Beijos e apresentações a parte, ela vestia aquilo o qual ela mesma denominou de "Pirigueti".

Nos aventuramos em quatro a buscar o lugar dos ingreços.

Um posto de gasolina, afastado a cidade.

$$$$$$$$$$$$

Um prejuízo muito grande, e não apenas por causa dos ingreços.

Compramos.

O que vamos fazer agora? Tenho fome.

Uma das coisas que deixa meu amigo chateado é a fome.

Voltamos para a cidade e fomos em um restaurante na beira rio.

Não gosto muito de lá, as comidas são cheias de "frufru" e as pessoas tem um certo ar de arrogância, mas enfim...

Chopizinho Chopizinho Chopizinho

Não comi muito, uns franguinhos e aperitivos.

Meu amigo comeu, devorou um prato de massa com um molho que eu não comeria nem mesmo de graça, mas ele gosta dessas coisas... anyway.

Minha mãe dava risada, ela gosta de nos acompanhar mas é claro que não se encaixa muito nos

assuntos, é normal.

Minha "acompanhante" se divertia, adoro estar com ela e sei que é recíproco, mas eu já a conhecia o suficiente para dizer que ela não gostou muito de meu amigo.

Uma jantinha e dois chops depois saímos.

Destino, um barzinho perto da minha casa, combinei lá com uma amiga.

Idéia, tomar umas cervejinhas e dar risadas.

Ninguém estava a vontade.

Minha amiga levou um amigo próprio, o mestre dos magos versão alta, me divertia com ele, mas depois desse dia passei a enxergar coisas que antes não notava. Mestre é um beberrão, assuntos loucos e uma cabeça com parafusos faltando, minha mãe o reprovou na hora,

-não foi por causa dela que parei de andar com ele, mas teve sua ponta de participação.

A loirinha ao meu lado ficava cada vez menos a vontade com as brincadeira do mestre e de minha amiga sobre ela ser minha namorada, sobre eu saber escolher uma mulher e diversos outros comentários que qualquer um com imaginação pode pensar.

Meu amigo por fim me mandou uma mensagem quando foi ao banheiro.

"Deixamos eles aqui e simbora pra praia, fazer festa em outro lugar."

Relutei, mas cedi.

Saímos duas cervejas, duas caipirinhas de vinho e um coquetel de seilaoque depois.

Minha mãe ficou em casa, a acompanhei até a parte superior, onde ficava meu quarto, a loira me seguiu, a natureza exigia.

Descemos apenas ela e eu. Meu amigo nos esperava no carro, quando a parei, Metallica tocava "One".

Ela tinha uma cara feia, chateada.

-Espera -a segurei pelo pulso- desculpe pelo o que falaram lá, mas é que... tem seu pingo de verdade.

Ela me olhou.

Tive medo que ela me dissesse a tão temida frase "Eu te considero...mas..."

-comentários a parte, ninguém merece.

-Acho que você está dando muita bola para o que os outros têm falado.

-Não. Não isso não tem nada haver. Falam isso de nós somente agora, eu quero ficar contigo desde o dia em que te conheci.

Acredito que ela iria falar algo.

-Mas você não quer. Então eu vou te dizer uma coisa. Eu não vou perder meu precioso tempo contigo. Não vou correr atrás de você. Você não quer, tem quem queira. Agora nós vamos arrumar um lugar para ir, beber, nos divertir. Você pode vir conosco ou não. A escolha é sua, mas ficaria feliz se você nos acompanhasse.

Ela apenas me olhou. palavras não se criaram.

-Vamos?

Sai, e ela veio logo atrás.

Escutei Metallica e pensei:

Droga, essas mulheres já me estragaram Iris, Wonderwall e Californication... não vão me estragar One também.

Meu amigo estava escorado no capo do carro, passei por ele e abri a porta do passageiro, ele deu sorriso de canto de boca, sabia o que havia se passado lá dentro, ele me conhece as vezes melhor do que eu mesmo.

-Essa não é a sua porta.

Olhei para ele, não entendi muito bem.

Minha garota se juntou a nós a tempo de ver a chave do carro voando por cima do capô, saindo da mão dele até aterrissar na minha.

-Você dirige.

A noite estava apenas começando.

...continua

Um Grande Abraço

Diogo S.Campos