quarta-feira, 22 de maio de 2013

CRÍTICA - O Último Exorcismo II


 (The Last Exorcism 2: The Beginning of the End, 2013)

Parte do problema do cinema atual é o dinheiro. Claro que sem ele não haveria grandes produções, mas ao mesmo tempo quando se tem muito, ou melhor, se arrecada muito, o filme deixa de ser algo criativo e artístico para se tornar simplesmente um produto comercial. Quando O Último Exorcismo chegou às telas, em 2010, ele vinha com uma prerrogativa, o inusitado exorcismo filmado com câmera amadora e narrado pelo próprio exorcista. Essas características, bastante usadas atualmente e de baixo custo, proporcionaram ao filme um sucesso além do esperado. Com a alta arrecadação não demorou muito a surgir uma sequência. O Último Exorcismo – Parte II é o fruto comercial de um filme razoável que abandonou totalmente as peculiaridades dignas de elogios de seu antecessor, sendo assim um filme, além de desnecessário, pouco criativo.

A história começa dias após o término do primeiro filme. A jovem Nell, de alguma maneira sobreviveu e se encontra psicologicamente afetada pelos eventos aos quais foi subjugada. Ela é encaminhada para uma casa de recuperação ao lado de outras meninas, onde é convencida por seu médico cético de que tudo não passou de uma alucinação. Daí para frente uma sucessão de cenas irão mostrar o crescimento das forças do demônio Abalam, que outra vez quer possuir a doce garota, até culminar (novamente) no último exorcismo.

A necessidade deste filme é discutível. O Exorcista, em seu trágico final com o padre Karras e o demônio Pazuzu, também não deixava margens para uma sequência, tanto no filme de William Friedkin quanto na obra de William Peter Blatty. E mesmo assim, em 1977 veio uma segunda parte, seguida anos depois de outra sequência e suas prequelas. Então a existência de uma Parte II para a saga de Nell não chega a ser surpresa. O problema está no fato de que, ao contrário das ramificações de O Exorcista, ele não encontra uma justificativa em seu enredo para prosseguir com a história, Abalam passa a ser pouco mais do que um espírito jovem e sexualmente obcecado por Nell, dada a quantidade de cenas dedicadas a fazê-la sentir paixão ou prazer.

Além de abandonar o formato da câmera amadora do primeiro filme e não encontrar um fio condutor em seu enredo, o diretor Ed Gass-Donnelly perde seu personagem principal, o padre charlatão que guiou a primeira parte. Agora ele se reduz a personagens estereotipados do gênero terror, como médicos céticos e devotos africanos.

Poderia se dizer que o ponto alto do filme é o fato de Ed ter prestado atenção em como outros diretores criam a atmosfera sensitiva quando se trata de espíritos em filmes do gênero. As alucinações, os telefones tocando, estática em aparelhos elétricos e pessoas de olhar fixo nas ruas. Todos esses elementos estão presentes, mas são usados de maneira exaustiva. A quantidade incontável de cenas picotadas que elevam o som ao ápice com único objetivo de levantar o espectador da poltrona é risível. Um momento ou outro tem sucesso, inevitavelmente em um filme de terror há de se levar um susto ou dois, mas quando este é o único objetivo do diretor deixa de ser algo positivo.

Ed consegue dar uma sobrevida a seu filme nos minutos finais. Seu desfecho é capenga e mal desenvolvido, mas ainda assim inovador, auxiliado pelo talento de Ashley Bell ao desempenhar o papel de possuída durante o longa. A clara esperança de dar uma continuação a história, algo plausível e que, da maneira que a segunda parte foi elaborada, apenas pode ficar melhor.


Diogo S. Campos


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