quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Capítulo IV - Avenida para o Inferno


A compra do Maverick 1972 estava entre as memórias mais importantes dele. O carro era uma das poucas lembranças felizes que tinha, em contraste com seu maior momento de pânico, o dia em que pensou que perderia a vida, escorado em um muro com a chuva batendo no rosto e um revólver calibre 38 apertado contra a testa.
Carregava ainda o arrependimento de não estar presente no casamento de Natasha, ou no nascimento de Renata. Era padrinho de casamento e havia até mesmo preparado o discurso, mas partiu para a Irlanda dois dias antes, quase um ano após sua formatura. Era algo que não podia evitar, precisava encontrar com outro dos oito, alguém que fosse capaz de lhe ensinar como se tornar um com seu “visitante”. Eliminar aquela voz que sussurrava em sua cabeça, aquele ser que lhe tomava posse e mudava a cor de seus olhos quando bebia vodka.
Mas de todos os momentos tristes de Jacob, o pior foi quando abandonou a pequena vila de Ballybay, no condado de Monaghan, e voltou para o Brasil, sem avisar. Havia sido chamado em urgência pelo Hospital Psiquiátrico Estadual. Fazia pouco mais de três anos, fora informado que a mãe precisaria ficar internada, o Alzheimer há muito lhe destruía o cérebro. Ele sabia disso, sempre pensou que as vezes em que a mãe esquecia as chaves, perdia os óculos que lhe repousavam sobre a cabeça ou ia até o centro da cidade e esquecia o que fora fazer lá, significavam algo além do que a simples idade.
Naquele dia, três ou quatro anos atrás, voltou ao país de origem e comprou o Maverick de seus sonhos. Exatamente como imaginara, velho, com o motor acabado e a lataria podre, depois disso começariam os trabalhos manuais que sempre teve vontade de aprender para, então, reconstruir o carro favorito. Comprou a lata-velha antes mesmo de ir até o hospital, sabia quais era as notícias e usara de todos os meios para atrasá-la.
Évora lembrava-se bem dessa história. Quando se encontraram na Irlanda, por simples força do destino, ela havia deixado Portugal e fazia um pequeno tour pela Europa. Após o choque inicial e um café amargo no Kraft Kaffee, tiveram sua primeira noite de amor desde que ela invadira o apartamento dele bêbada, trocando as palavras e interpretando uma cena do filme Closer, de Patrick Marber. Desde então ficaram juntos, e quando ele decidiu voltar ao sul do Brasil sozinho ela não conseguiu convencê-lo de que viria junto. Quando voltou, ele relatou o ocorrido em detalhes, e todos estavam nítidos em suas lembranças.
Jacob estacionara o Maverick ainda não reformado na mesma vaga em que ela se encontrava agora, na Ala oeste do Hospital Psiquiátrico Estadual. Também chovia naquele dia, mas era torrencialmente, hoje Évora espreitava os funcionários do hospital sob uma fina chuva de verão. Estava tão nervosa quanto o dia em que Jacob lhe pedira em casamento. Olhava fixamente a mão esquerda que apertava o grande volante com o símbolo da Ford no centro. Jacob lhe dera uma aliança de ouro branco, disse que não estava na hora de usarem o ouro tradicional por não terem se casado, mas como é alérgico à prata não poderia usar um material diferente. Fizera o pedido em Veneza, da maneira mais piegas que ambos poderiam imaginar, mas ainda assim ela se comovera o violinista e a lua cheia.
Tentava agora repassar o plano em sua mente. Ele fora incrivelmente detalhista nas ordens que lhe dera, achava impressionante como ele conseguia aplicar tão bem na teoria seus poderes. Talvez melhor do que ela própria.
Saiu do carro. Lembrara de estacioná-lo de ré, deixando-o pronto para uma eventual fuga, sem precisar correr o risco de derrubar alguma placa ou destruir o pára-choque traseiro. A vaga, descrita por Jacob, ficava há pouco mais de quinze metros da saída de emergência, não deveria desperdiçar tempo correndo por um estacionamento gigantesco.
Évora desceu do carro sem grada-chuva, segundo as ordens iria precisar manter as mãos sempre livres. Fechou o casaco em frente ao corpo e o amarrou com a cinta combinando, colocou as mãos nos bolsos, e caminhou até a entrada. Era noite e a quantidade de pessoas já se reduzia. Havia ficado esperando dentro do carro até o horário de mudança de turnos, momentos singulares dos antigos filmes de James Bond.
Passou pelo segurança que nem sequer lhe encarou. Segundo Jacob esses guardas estão ali para parar confusões. “Não se meta em nenhuma, que não irão nem sequer lhe dignar um olhar”. Foi exatamente assim.
No saguão vinha uma parte ousada do plano. Precisava de alguém, alguém de dentro, e a resposta mais lógica era a recepcionista. Dirigiu-se até o balcão.
-Olá, minha flor! – Exclamou Évora. Tão logo as palavras abandonaram sua boca ela se arrependeu. O noivo a havia alertado para não exagerar na simpatia, afinal de contas, estava em um hospital psiquiátrico, apesar de as enfermeiras estarem habituadas com excentricidades, não é exatamente o lugar mais feliz do planeta.
-Sim, minha senhora, posso ajudá-la? – Perguntou a recepcionista. Era uma mulher gorda e negra com cara de poucos amigos após um turno extenso, parecia prestes a soltar um palavrão mediante a alegria inusitada da visitante.
-Vim fazer uma surpresa para meu marido, ele está internado sabe, e quero estar bonita para ele. Pode segurar isso para mim? Por favor? – Évora tirara do bolso esquerdo do casaco um espelho redondo e um pincel para os cílios. A recepcionista ficou em pé e soltou um suspiro.
-Minha senhora. – Começou, da maneira mais educada possível. – Temos ótimos banheiros no final do corredor, se a senhora seguir por...
-Ora, minha flor. – Interrompeu Évora, e a recepcionista pareceu querer pular sobre o balcão e arrebentar o espelho na cabeça da senhora de casaco camurça em sua frente. – Basta segurar, é rapidinho.
Évora pegou a mão direita da recepcionista e colocou o espelho entre seus dedos. A atendente suava na testa com o tamanho da raiva a lhe escapar pelo nariz em baforadas, mas se rendeu, percebeu que seria mais rápido se apenas ignorasse e parasse de discutir. A senhora loira em casaco caro foi extremamente rápida ao retocar os cílios.
Pegou o espelho da mão da recepcionista e esbanjou o maior sorriso que conseguiu. Tentava esconder as orelhas sob os cabelos para não demonstrar o tamanho da vergonha. Invejava a capacidade de Jacob em mentir e manipular, ele nem sequer haveria tremido se estivesse em seu lugar.
-Obrigada, querida! - Agradeceu sorridente para a recepcionista. Deu as costas e se dirigiu até a escada principal. Não era uma certeza, mas sabia que se continuasse caminhando chegaria ao lugar certo. A escada a levou para o segundo piso e ela entrou por uma porta com a placa estampando “somente funcionários”, e saiu da vista dos corredores principais.
Era uma repartição de serviço. Um imensa sala que se estendia paralelamente ao corredor, provavelmente com saídas para todas as alas do hospital, era exatamente do que precisava, e justamente por isso sua intuição a guiara até ali. As luzes estavam apagadas e a única iluminação provinha das venezianas no topo da parede. O lugar era repleto de grandes estantes metálicas com produtos de limpeza, gases e remédios, uma verdadeira bagunça. “Se eu for pega já sei como fazer um escândalo ainda maior”, pensou Évora. Mas afastou a ideia logo, não podia ser pega, sua missão era reunir pai e filha novamente, precisava tirar aquela garota da custódia da polícia, não importavam os meios.
Acendeu a luz no interruptor ao lado da porta e caminhou por entre as estantes. Atravessou a sala e encontrou aquilo que deveria ser a cozinha. Uma pia metálica e diversas xícaras de café amontoadas na bacia. Sob a mesa, a edição do dia anterior do Jornal do Estado. Em uma chamada um pouco menor, uma manchete dizia: “POLÍCIA REVELA NOME DE SUSPEITO NA MORTE DE RICARDO CASTILHOS”.
Tocou o jornal exatamente sobre a chamada. Por um momento seu coração apertou e uma mistura de surpresa, decepção e medo lhe desceram pelo corpo na forma de um calafrio. Sentiu os pelos arrepiarem e se julgou uma idiota por não ter notado a falha nas ações de Jacob enquanto ele estudava a rotina de Ricardo. O medo veio associado ao nome do Tenente Ramires. O homem era um caçador nato, e estava com fome.
Largou o jornal e correu na direção da saída, precisava ser rápida. Saiu pelo extremo oposto de onde havia entrado e surgiu em um corredor de paredes azul bebê e piso com lajotas hexagonais vermelhas. Ainda precisava subir um lance de escadas. Qual era o número do quarto? O número... não conseguia se lembrar. Passava pelos quartos no corredor e o desespero lhe foi tomando conta. De repente, sem perceber, passou pela porta  2303 , vazio já há alguns dias. Mas a presença ainda estava lá, e isso lhe fez o corpo congelar.
Parou de correr e voltou alguns passos. Olhou para a porta do quarto sem saber o que significava o pesar que sentia. A tristeza que de repente lhe tomou conta da mente e do coração e fez suas pernas amolecerem. Entrou no quarto e sentiu as forças desaparecem, caiu de joelhos e mal pode se segurar na armação de ferro da cama. Quando o fez o choque foi ainda maior. O pouco de vontade que lhe restara pareceu ser separado de seu corpo por uma corrente elétrica e ela pode, por um breve instante, ver seu corpo caindo de encontro ao chão. Ao longe, através da janela da parede oposta visualizou a praia. Estava distante, mas era a mesma praia, com o tronco largo e grande que Jacob sempre lhe descreveu sobre os encontros com Natasha.
E como em um passe de mágica, no tempo em que levaria uma lâmpada para clarear um quanto em uma noite fria, sentiu o calor de sua prima. A presença de Natasha e seu extremo controle sobre as próprias emoções. Então se acalmou e conseguiu por as mãos frente ao corpo e evitar a queda. Quando voltou a si estava de joelhos no quarto e a paisagem na janela mudara para os habituais prédios do complexo hospitalar. Levantou e saiu.
Voltou ao corredor azul e vermelho, mas desta vez sua mente estava clara. Lembrava onde era o quarto. Lembrava o número pregado pobremente na porta. E principalmente, lembrava de Jacob lhe dizendo que precisaria estar sempre no controle de suas emoções.
Encontrou a escada. Era em "éle" e levava quase que diretamente ao quarto que precisava. Ficava apenas duas portas à esquerda do topo, parou antes do último degrau e se escorou na parede para não ser vista. Pôs levemente o olho para fora da parede e viu um único guarda frente ao quarto 3302. Era corpulento, usava o habitual traje marrom claro e estava escorado à parede parecendo morto de sono, um clichê ambulante.
Na realidade as coisas não funcionam como nos filmes. Puxar um papo, lamber os lábios e encostar no peito do guarda não vai exatamente lhe dar uma passagem de entrada para o quarto. Ou talvez desse? Tocou na parede, e como em um instinto Évora sentiu que a porta estaria destrancada. Não como se tivesse visto, não com certeza, mas era um sentimento, uma intuição. Era como tudo geralmente parecia em sua mente, e algumas vezes, poucas vezes, era mais do que uma intuição.
Saiu de trás da parede e caminhou a passos firmes pelo corredor. Colocou a mão no bolso direito e foi rápida, quando o guarda se deu por sua presença no corredor ela já estava quase na porta. Ele descruzou os braços e começou a se levantar no mesmo momento em que a ordenava que parasse, mas ela foi rápida, muito mais do que costuma ser. Girou a maçaneta e entrou no quarto, o guarda gritou, a puxou pelo braço e a fez ficar de frente, foi então que deu de cara com a arma.
O 38 Rossi. O revólver que Jacob carregava para todo lado como que em uma obsessão desenfreada. Ele a obrigara colocá-lo no bolso do casaco. Provavelmente já soubesse que esse momento aconteceria. Desde Ballybay ele tinha capacidades que desconhecia, e às vezes o espantava. Não duvidava que o noivo tivesse visto esse momento.
O guarda se assustou. Seja lá o que for que esperasse daquela loira frágil, nem em seus maiores receios pensara que ela lhe apontaria uma arma. Ergueu as mãos e proferiu sentenças lentas e calmas, para dissuadir sua agressora de puxar o gatilho.
Évora não ouviu uma única palavra.
-Para o chão. Deita no chão! Agora! - Quando a adrenalina baixasse ela nem sequer conseguiria se lembrar do que disse ao guarda. A voz foi forte e firme, um tom que não admitia discordância. O oficial se ajoelhou no centro do quarto, exatamente igual ao que Évora visitara no andar inferior. Quando ele se deitou ela percebeu que não fazia ideia de como seguir dali. Não havia prestado atenção ao seu redor e mal se lembrava o que vinha a seguir. Ainda apontado a arma para o refém, que agora começava a falar mais apressadamente, ajoelhou-se e o tocou na nuca. Descobriu que uma arma pode ser usada de outras maneiras além de atirar. Bateu com força a coronha na cabeça do policial. O golpe não foi preciso, abriu um talho vermelho ao invés de apenas o deixar desacordado.
A loira de baixa estatura caiu sobre os joelhos, fraca e confusa demais para seguir com o plano. Quando deu por si, uma menina de pouco mais de sete anos a fitava, em pé, bem em sua frente. Sarah trajava o uniforme da escola, um abrigo azul marinho e camiseta branca com a escrita Colégio São José - Tradição e Qualidade. Às costas trazia uma mochila lilás e uma gargantilha dourada com seu nome presa ao pescoço. Sem falar, a garotinha ergueu a mão esquerda e com os dedos indicador e médio tocou o centro da testa de Évora.
Como em um passe de mágica a serenidade lhe voltou. Évora pôs-se em pé, guardou a arma no bolso do sobretudo e encostou a mão na parede. Foi mais forte do que em qualquer outra vez que tenha tentado, soube de imediato o caminho mais rápido e seguro para a saída, a localização de cada visitante, oficial, enfermeira e médico no percurso e quanto tempo precisava levar para sair em segurança. Não foi preciso falar, antes que pudesse pensar no que dizer Sarah já a segurava pela mão.
-Meu pai mandou você não é? Para onde vamos? Perguntou a criança. Por mais que devesse estar preparada para uma situação semelhante, Évora não soube o que dizer além de que tudo ficaria bem, seu talentos com crianças precisavam ser exercitados.
De mãos dadas, ambas correram para o final do corredor, Sarah dava dois passos a cada um de Évora, os cabelos loiros balançavam, os lisos da adulta e os cacheados da criança. Pegaram as escadas largas da saída de emergência, em três voltas estavam no andar térreo, de frente para o estacionamento. Do bolso interno do casaco Évora pegou as chaves do carro, soltou a mão de Sarah para que ela fosse para a porta do passageiro e abriu a do motorista, entrou no carro e se debruçou sobre o banco para abrir a porta, enquanto ligava o carro a pequena menina erguia o banco.
-Não querida. - interrompeu Évora. - Precisa sentar no banco da frente.
-Eu deveria sentar atrás. Minha mãe me manda sentar na frente, mas eu não gosto. É errado.
-Sei disso Sarah. Mas são ordens do seu pai, precisa sentar na frente mais essa vez.
Sem questionar novamente, Sarah baixou o banco e sentou no lugar do passageiro. Com as duas no interior o veículo e o motor ligado Évora pode ver, frente à porta principal pela qual havia entrado, os guardas, colegas daquele que ela havia abatido. Viram-na. Apontaram as armas, gritaram palavras indecifráveis. O carro estava estacionado de ré, pronto para sair. Évora pisou no acelerador e os pneus cantaram rente ao asfalto. Da mesma forma que aconteceu quando tocou na parede do hospital, dessa vez ela sabia ainda mais o que deveria fazer, por alguma razão, aquele seu poder sutil de percepção fora potencializado, não era mais apenas uma sensação. Era uma certeza.
O carro dançou pelo estacionamento. O ronco do motor quase abafava o barulho das armas sendo disparadas contra o veículo e dos vidros do carro se partindo. Sarah apertava o sinto de segurança e se mantinha firme ao banco, serena como águas paradas. O mais importante vinha agora. Jacob fora incisivo quanto a essa parte do plano. Quando chegasse em seu destino precisava estar à vinte segundos de vantagem de seus perseguidores. Antes ela achara simples, vinte segundos parecia uma marca extremamente simples, mas quanto as viaturas da polícia se puseram em sua perseguição e o movimento da avenida Júlio de Castilhos começou a lhe atrasar a preocupação a abateu.
-Ali!- Como que percebendo a frustração se sua sequestradora, Sarah apontou para um caminho. Bem ao centro do cruzamento, dividindo as pistas norte e sul da avenida, a entrada para o corredor de ônibus, duas pistas exclusivas para o transporte coletivo.
Évora quis questionar, desviou o olhar do trânsito para sua passageira, um "Como você sabe?" lhe bateu no dentes, mas então a mão de Sarah repousou no ante braço da motorista, e então, novamente como se uma corrente elétrica lhe atravessasse o corpo, a serenidade lhe voltou e Évora voltou a dirigir.
O Maverick 72 adentrou o corredor de ônibus, a velocidade passava 140 km/h em uma rua que raramente se atingia os 80km/h. A polícia seguia o rastro, a maioria pelas próprias ruas da avenida, poucos haviam entrado pelo corredor, mas não alcançavam o carro grafite. Quando as viaturas mais apropriadas para perseguição na capital, os Hummer H2 SUV, chegaram para o reforço, o Maverick já tinha quatro quadras de vantagem enquanto margeava o braço mirim do rio.
Logo em frente a barreira estava montada. Dois quilômetros. A informação simplesmente lhe veio a cabeça, Évora novamente sentiu vontade de questionar como sabia daquilo, mas não era o momento. Dois quilômetros era mais do que precisava. Chegou ao cruzamento e abandonou o corredor de ônibus. Os SUV adentraram a Avenida, Évora os viu pelo retrovisor. Mesmo longe, mesmo não podendo distinguir os veículos, soube, Tenente Ramires viera pessoalmente.
Fora mais fácil do que esperava. Não que perseguições fossem simples, mas Jacob planejara os horários, sabia que sua capacidade a transformaria em uma piloto muito acima da média, confiava do talento de Sarah, traçara o caminho. Tudo veio lhe veio a mente como um plano minucioso do noivo. Mas agora chegava a parte em que nem mesmo ele tinha certeza se daria certo.
Os SUV seguiram o Maverick até a entrada do estacionamento Central Park, o maior do estado, às margens do rio. Quando Ramires desceu da viatura e ordenou o perímetro sua presa já fazia a volta no quarto andar do gigante amontoado de carros. Quatro viaturas seguiram pela pista em espiral que o carro entrara. A avenida foi fechada e a célebre frase "Você está cercado" se preparava para passar pelo megafone quando a explosão atirou estilhaços de vidro, concreto e fogo no meio da noite. Em uma fração de segundo um novo estrondo, a maioria das pessoas gritavam e se atiravam no chão, Ramires ordenava os civis e procurava por feridos. Quando ergueu os olhos para o estacionamento vislumbrou sua presa, o Maverick 72, batido, com as rodas para cima, caíra em chamas sobre a calçada, quatro andares acima seus oficiais fitavam-no do que sobrara da parede do estacionamento.


...continua


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