Jake

Não sou um cara impulsivo.
Não digo tudo o que me vem na cabeça.
É um jeito de ser, sempre penso no que vou falar, sempre penso nas consequências daquilo que sairá da minha boca;
Não digo palavras em vão.
Preocupo-me mais em como os outros vão se sentir ao serem atingidos pelo que profiro, do que em aliviar ou descarregar o que sinto.
Moveria o céu para evitar magoar alguém.

É uma quantidade incontável as vezes que minhas palavras se estabacaram contra meus dentes e pularam pela minha garganta de volta para o lugar de onde vieram. Aos poucos essas palavras, esses sentimentos frustrantes vão se juntando, juntando dentro de mim, em algum lugar o qual não importa onde seja, eu sei que está lá. Eu sinto, sinto principalmente quando ele está prestesa explodir. Mas como sempre, eu corto o fio vermelho.

Sinto que minhas frustrações tomam forma, criam um rosto, um rosto mal desenhado, mas que já se comunica, ele se autodenomina Jake. Não me pergunte como sei disso, apenas surgiu. Não é por prazer, não creio que se diverte com isso, mas Jake tem consciência do que se passa aqui fora, e as vezes é ele quem fala. É ele que diz as palavras que eu trancaria nos dentes. Jake diz, e faz aquilo que não consigo, aquilo que magoa. Eu, mesmo nos piores momentos, tento ser sublime, e se machuco, não é escancaradamente, mas escondido em meio as palavras embaraçadas. Jake, é direto, fala tudo aquilo que durante tempo se acumulou, fala de tal maneira, que quando acaba, o alvo mirado fica com um furo no centro.

Somos dois Eu, Um dois. Dois em Um.
Duas naturezas, diferentes,
mas que de alguma maneira...
...coexistem em harmonia.


Um Grande Abraço
Diogo S.Campos
Jake