A compra
do Maverick 1972 estava entre as memórias mais importantes dele. O carro era
uma das poucas lembranças felizes que tinha, em contraste com seu maior momento
de pânico, o dia em que pensou que perderia a vida, escorado em um muro com a chuva
batendo no rosto e um revólver calibre 38 apertado contra a testa.
Carregava
ainda o arrependimento de não estar presente no casamento de Natasha, ou no
nascimento de Renata. Era padrinho de casamento e havia até mesmo preparado o
discurso, mas partiu para a Irlanda dois dias antes, quase um ano após sua
formatura. Era algo que não podia evitar, precisava encontrar com outro dos
oito, alguém que fosse capaz de lhe ensinar como se tornar um com seu
“visitante”. Eliminar aquela voz que sussurrava em sua cabeça, aquele ser que
lhe tomava posse e mudava a cor de seus olhos quando bebia vodka.
Mas de
todos os momentos tristes de Jacob, o pior foi quando abandonou a pequena vila
de Ballybay, no condado de Monaghan, e voltou para o Brasil, sem avisar. Havia
sido chamado em urgência pelo Hospital Psiquiátrico Estadual. Fazia pouco mais
de três anos, fora informado que a mãe precisaria ficar internada, o Alzheimer
há muito lhe destruía o cérebro. Ele sabia disso, sempre pensou que as vezes em
que a mãe esquecia as chaves, perdia os óculos que lhe repousavam sobre a
cabeça ou ia até o centro da cidade e esquecia o que fora fazer lá, significavam
algo além do que a simples idade.
Naquele
dia, três ou quatro anos atrás, voltou ao país de origem e comprou o Maverick
de seus sonhos. Exatamente como imaginara, velho, com o motor acabado e a
lataria podre, depois disso começariam os trabalhos manuais que sempre teve vontade
de aprender para, então, reconstruir o carro favorito. Comprou a lata-velha
antes mesmo de ir até o hospital, sabia quais era as notícias e usara de todos
os meios para atrasá-la.
Évora
lembrava-se bem dessa história. Quando se encontraram na Irlanda, por simples
força do destino, ela havia deixado Portugal e fazia um pequeno tour pela
Europa. Após o choque inicial e um café amargo no Kraft Kaffee, tiveram sua
primeira noite de amor desde que ela invadira o apartamento dele bêbada,
trocando as palavras e interpretando uma cena do filme Closer, de Patrick Marber. Desde então ficaram juntos, e quando ele decidiu
voltar ao sul do Brasil sozinho ela não conseguiu convencê-lo de que viria
junto. Quando voltou, ele relatou o ocorrido em detalhes, e todos estavam
nítidos em suas lembranças.
Jacob
estacionara o Maverick ainda não reformado na mesma vaga em que ela se
encontrava agora, na Ala oeste do Hospital Psiquiátrico Estadual. Também chovia
naquele dia, mas era torrencialmente, hoje Évora espreitava os funcionários do
hospital sob uma fina chuva de verão. Estava tão nervosa quanto o dia em que
Jacob lhe pedira em casamento. Olhava fixamente a mão esquerda que apertava o
grande volante com o símbolo da Ford no centro. Jacob lhe dera uma aliança de
ouro branco, disse que não estava na hora de usarem o ouro tradicional por não
terem se casado, mas como é alérgico à prata não poderia usar um material
diferente. Fizera o pedido em Veneza, da maneira mais piegas que ambos poderiam
imaginar, mas ainda assim ela se comovera o violinista e a lua cheia.
Tentava
agora repassar o plano em sua mente. Ele fora incrivelmente detalhista nas
ordens que lhe dera, achava impressionante como ele conseguia aplicar tão bem
na teoria seus poderes. Talvez melhor do que ela própria.
Saiu do
carro. Lembrara de estacioná-lo de ré, deixando-o pronto para uma eventual
fuga, sem precisar correr o risco de derrubar alguma placa ou destruir o
pára-choque traseiro. A vaga, descrita por Jacob, ficava há pouco mais de
quinze metros da saída de emergência, não deveria desperdiçar tempo correndo por
um estacionamento gigantesco.
Évora
desceu do carro sem grada-chuva, segundo as ordens iria precisar manter as mãos
sempre livres. Fechou o casaco em frente ao corpo e o amarrou com a cinta
combinando, colocou as mãos nos bolsos, e caminhou até a entrada. Era noite e a
quantidade de pessoas já se reduzia. Havia ficado esperando dentro do carro até
o horário de mudança de turnos, momentos singulares dos antigos filmes de James
Bond.
Passou
pelo segurança que nem sequer lhe encarou. Segundo Jacob esses guardas estão
ali para parar confusões. “Não se meta em nenhuma, que não irão nem sequer lhe
dignar um olhar”. Foi exatamente assim.
No
saguão vinha uma parte ousada do plano. Precisava de alguém, alguém de dentro,
e a resposta mais lógica era a recepcionista. Dirigiu-se até o balcão.
-Olá,
minha flor! – Exclamou Évora. Tão logo as palavras abandonaram sua boca ela se
arrependeu. O noivo a havia alertado para não exagerar na simpatia, afinal de
contas, estava em um hospital psiquiátrico, apesar de as enfermeiras estarem
habituadas com excentricidades, não é exatamente o lugar mais feliz do planeta.
-Sim,
minha senhora, posso ajudá-la? – Perguntou a recepcionista. Era uma mulher
gorda e negra com cara de poucos amigos após um turno extenso, parecia prestes
a soltar um palavrão mediante a alegria inusitada da visitante.
-Vim
fazer uma surpresa para meu marido, ele está internado sabe, e quero estar
bonita para ele. Pode segurar isso para mim? Por favor? – Évora tirara do bolso
esquerdo do casaco um espelho redondo e um pincel para os cílios. A
recepcionista ficou em pé e soltou um suspiro.
-Minha
senhora. – Começou, da maneira mais educada possível. – Temos ótimos banheiros
no final do corredor, se a senhora seguir por...
-Ora,
minha flor. – Interrompeu Évora, e a recepcionista pareceu querer pular sobre o
balcão e arrebentar o espelho na cabeça da senhora de casaco camurça em sua
frente. – Basta segurar, é rapidinho.
Évora
pegou a mão direita da recepcionista e colocou o espelho entre seus dedos. A atendente
suava na testa com o tamanho da raiva a lhe escapar pelo nariz em baforadas,
mas se rendeu, percebeu que seria mais rápido se apenas ignorasse e parasse de
discutir. A senhora loira em casaco caro foi extremamente rápida ao retocar os
cílios.
Pegou o
espelho da mão da recepcionista e esbanjou o maior sorriso que conseguiu.
Tentava esconder as orelhas sob os cabelos para não demonstrar o tamanho da
vergonha. Invejava a capacidade de Jacob em mentir e manipular, ele nem sequer
haveria tremido se estivesse em seu lugar.
-Obrigada,
querida! - Agradeceu sorridente para a recepcionista. Deu as costas e se
dirigiu até a escada principal. Não era uma certeza, mas sabia que se
continuasse caminhando chegaria ao lugar certo. A escada a levou para o segundo
piso e ela entrou por uma porta com a placa estampando “somente funcionários”,
e saiu da vista dos corredores principais.
Era uma
repartição de serviço. Um imensa sala que se estendia paralelamente ao
corredor, provavelmente com saídas para todas as alas do hospital, era
exatamente do que precisava, e justamente por isso sua intuição a guiara até
ali. As luzes estavam apagadas e a única iluminação provinha das venezianas no
topo da parede. O lugar era repleto de grandes estantes metálicas com produtos
de limpeza, gases e remédios, uma verdadeira bagunça. “Se eu for pega já sei
como fazer um escândalo ainda maior”, pensou Évora. Mas afastou a ideia logo,
não podia ser pega, sua missão era reunir pai e filha novamente, precisava
tirar aquela garota da custódia da polícia, não importavam os meios.
Acendeu
a luz no interruptor ao lado da porta e caminhou por entre as estantes.
Atravessou a sala e encontrou aquilo que deveria ser a cozinha. Uma pia
metálica e diversas xícaras de café amontoadas na bacia. Sob a mesa, a edição
do dia anterior do Jornal do Estado. Em uma chamada um pouco menor, uma
manchete dizia: “POLÍCIA REVELA NOME DE SUSPEITO NA MORTE DE RICARDO
CASTILHOS”.
Tocou o
jornal exatamente sobre a chamada. Por um momento seu coração apertou e uma
mistura de surpresa, decepção e medo lhe desceram pelo corpo na forma de um
calafrio. Sentiu os pelos arrepiarem e se julgou uma idiota por não ter notado
a falha nas ações de Jacob enquanto ele estudava a rotina de Ricardo. O medo
veio associado ao nome do Tenente Ramires. O homem era um caçador nato, e estava
com fome.
Largou o
jornal e correu na direção da saída, precisava ser rápida. Saiu pelo extremo
oposto de onde havia entrado e surgiu em um corredor de paredes azul bebê e
piso com lajotas hexagonais vermelhas. Ainda precisava subir um lance de
escadas. Qual era o número do quarto? O número... não conseguia se lembrar. Passava
pelos quartos no corredor e o desespero lhe foi tomando conta. De repente, sem
perceber, passou pela porta 2303 , vazio
já há alguns dias. Mas a presença ainda estava lá, e isso lhe fez o corpo
congelar.
Parou de
correr e voltou alguns passos. Olhou para a porta do quarto sem saber o que
significava o pesar que sentia. A tristeza que de repente lhe tomou conta da
mente e do coração e fez suas pernas amolecerem. Entrou no quarto e sentiu as
forças desaparecem, caiu de joelhos e mal pode se segurar na armação de ferro
da cama. Quando o fez o choque foi ainda maior. O pouco de vontade que lhe
restara pareceu ser separado de seu corpo por uma corrente elétrica e ela pode,
por um breve instante, ver seu corpo caindo de encontro ao chão. Ao longe,
através da janela da parede oposta visualizou a praia. Estava distante, mas era
a mesma praia, com o tronco largo e grande que Jacob sempre lhe descreveu sobre
os encontros com Natasha.
E como
em um passe de mágica, no tempo em que levaria uma lâmpada para clarear um
quanto em uma noite fria, sentiu o calor de sua prima. A presença de Natasha e
seu extremo controle sobre as próprias emoções. Então se acalmou e conseguiu
por as mãos frente ao corpo e evitar a queda. Quando voltou a si estava de
joelhos no quarto e a paisagem na janela mudara para os habituais prédios do
complexo hospitalar. Levantou e saiu.
Voltou
ao corredor azul e vermelho, mas desta vez sua mente estava clara. Lembrava
onde era o quarto. Lembrava o número pregado pobremente na porta. E
principalmente, lembrava de Jacob lhe dizendo que precisaria estar sempre no
controle de suas emoções.
Encontrou
a escada. Era em "éle" e levava quase que diretamente ao quarto que
precisava. Ficava apenas duas portas à esquerda do topo, parou antes do último
degrau e se escorou na parede para não ser vista. Pôs levemente o olho para
fora da parede e viu um único guarda frente ao quarto 3302. Era corpulento,
usava o habitual traje marrom claro e estava escorado à parede parecendo morto de
sono, um clichê ambulante.
Na
realidade as coisas não funcionam como nos filmes. Puxar um papo, lamber os
lábios e encostar no peito do guarda não vai exatamente lhe dar uma passagem de
entrada para o quarto. Ou talvez desse? Tocou na parede, e como em um instinto
Évora sentiu que a porta estaria destrancada. Não como se tivesse visto, não
com certeza, mas era um sentimento, uma intuição. Era como tudo geralmente
parecia em sua mente, e algumas vezes, poucas vezes, era mais do que uma
intuição.
Saiu de
trás da parede e caminhou a passos firmes pelo corredor. Colocou a mão no bolso
direito e foi rápida, quando o guarda se deu por sua presença no corredor ela
já estava quase na porta. Ele descruzou os braços e começou a se levantar no
mesmo momento em que a ordenava que parasse, mas ela foi rápida, muito mais do
que costuma ser. Girou a maçaneta e entrou no quarto, o guarda gritou, a puxou
pelo braço e a fez ficar de frente, foi então que deu de cara com a arma.
O 38
Rossi. O revólver que Jacob carregava para todo lado como que em uma obsessão
desenfreada. Ele a obrigara colocá-lo no bolso do casaco. Provavelmente já
soubesse que esse momento aconteceria. Desde Ballybay ele tinha capacidades que
desconhecia, e às vezes o espantava. Não duvidava que o noivo tivesse visto
esse momento.
O guarda
se assustou. Seja lá o que for que esperasse daquela loira frágil, nem em seus
maiores receios pensara que ela lhe apontaria uma arma. Ergueu as mãos e
proferiu sentenças lentas e calmas, para dissuadir sua agressora de puxar o
gatilho.
Évora
não ouviu uma única palavra.
-Para o
chão. Deita no chão! Agora! - Quando a adrenalina baixasse ela nem sequer
conseguiria se lembrar do que disse ao guarda. A voz foi forte e firme, um tom
que não admitia discordância. O oficial se ajoelhou no centro do quarto,
exatamente igual ao que Évora visitara no andar inferior. Quando ele se deitou
ela percebeu que não fazia ideia de como seguir dali. Não havia prestado
atenção ao seu redor e mal se lembrava o que vinha a seguir. Ainda apontado a
arma para o refém, que agora começava a falar mais apressadamente, ajoelhou-se
e o tocou na nuca. Descobriu que uma arma pode ser usada de outras maneiras
além de atirar. Bateu com força a coronha na cabeça do policial. O golpe não
foi preciso, abriu um talho vermelho ao invés de apenas o deixar desacordado.
A loira
de baixa estatura caiu sobre os joelhos, fraca e confusa demais para seguir com
o plano. Quando deu por si, uma menina de pouco mais de sete anos a fitava, em
pé, bem em sua frente. Sarah trajava o uniforme da escola, um abrigo azul
marinho e camiseta branca com a escrita Colégio São José - Tradição e Qualidade.
Às costas trazia uma mochila lilás e uma gargantilha dourada com seu nome presa
ao pescoço. Sem falar, a garotinha ergueu a mão esquerda e com os dedos
indicador e médio tocou o centro da testa de Évora.
Como em
um passe de mágica a serenidade lhe voltou. Évora pôs-se em pé, guardou a arma
no bolso do sobretudo e encostou a mão na parede. Foi mais forte do que em
qualquer outra vez que tenha tentado, soube de imediato o caminho mais rápido e
seguro para a saída, a localização de cada visitante, oficial, enfermeira e
médico no percurso e quanto tempo precisava levar para sair em segurança. Não
foi preciso falar, antes que pudesse pensar no que dizer Sarah já a segurava
pela mão.
-Meu pai
mandou você não é? Para onde vamos? Perguntou a criança. Por mais que devesse
estar preparada para uma situação semelhante, Évora não soube o que dizer além
de que tudo ficaria bem, seu talentos com crianças precisavam ser exercitados.
De mãos
dadas, ambas correram para o final do corredor, Sarah dava dois passos a cada um
de Évora, os cabelos loiros balançavam, os lisos da adulta e os cacheados da
criança. Pegaram as escadas largas da saída de emergência, em três voltas
estavam no andar térreo, de frente para o estacionamento. Do bolso interno do
casaco Évora pegou as chaves do carro, soltou a mão de Sarah para que ela fosse
para a porta do passageiro e abriu a do motorista, entrou no carro e se
debruçou sobre o banco para abrir a porta, enquanto ligava o carro a pequena
menina erguia o banco.
-Não
querida. - interrompeu Évora. - Precisa sentar no banco da frente.
-Eu
deveria sentar atrás. Minha mãe me manda sentar na frente, mas eu não gosto. É
errado.
-Sei
disso Sarah. Mas são ordens do seu pai, precisa sentar na frente mais essa vez.
Sem
questionar novamente, Sarah baixou o banco e sentou no lugar do passageiro. Com
as duas no interior o veículo e o motor ligado Évora pode ver, frente à porta
principal pela qual havia entrado, os guardas, colegas daquele que ela havia
abatido. Viram-na. Apontaram as armas, gritaram palavras indecifráveis. O carro
estava estacionado de ré, pronto para sair. Évora pisou no acelerador e os
pneus cantaram rente ao asfalto. Da mesma forma que aconteceu quando tocou na
parede do hospital, dessa vez ela sabia ainda mais o que deveria fazer, por
alguma razão, aquele seu poder sutil de percepção fora potencializado, não era
mais apenas uma sensação. Era uma certeza.
O carro
dançou pelo estacionamento. O ronco do motor quase abafava o barulho das armas
sendo disparadas contra o veículo e dos vidros do carro se partindo. Sarah
apertava o sinto de segurança e se mantinha firme ao banco, serena como águas
paradas. O mais importante vinha agora. Jacob fora incisivo quanto a essa parte
do plano. Quando chegasse em seu destino precisava estar à vinte segundos de vantagem
de seus perseguidores. Antes ela achara simples, vinte segundos parecia uma
marca extremamente simples, mas quanto as viaturas da polícia se puseram em sua
perseguição e o movimento da avenida Júlio de Castilhos começou a lhe atrasar a
preocupação a abateu.
-Ali!-
Como que percebendo a frustração se sua sequestradora, Sarah apontou para um
caminho. Bem ao centro do cruzamento, dividindo as pistas norte e sul da
avenida, a entrada para o corredor de ônibus, duas pistas exclusivas para o
transporte coletivo.
Évora
quis questionar, desviou o olhar do trânsito para sua passageira, um "Como
você sabe?" lhe bateu no dentes, mas então a mão de Sarah repousou no ante
braço da motorista, e então, novamente como se uma corrente elétrica lhe
atravessasse o corpo, a serenidade lhe voltou e Évora voltou a dirigir.
O
Maverick 72 adentrou o corredor de ônibus, a velocidade passava 140 km/h em uma
rua que raramente se atingia os 80km/h. A polícia seguia o rastro, a maioria
pelas próprias ruas da avenida, poucos haviam entrado pelo corredor, mas não
alcançavam o carro grafite. Quando as viaturas mais apropriadas para
perseguição na capital, os Hummer H2 SUV, chegaram para o reforço, o Maverick
já tinha quatro quadras de vantagem enquanto margeava o braço mirim do rio.
Logo em
frente a barreira estava montada. Dois quilômetros. A informação simplesmente
lhe veio a cabeça, Évora novamente sentiu vontade de questionar como sabia
daquilo, mas não era o momento. Dois quilômetros era mais do que precisava.
Chegou ao cruzamento e abandonou o corredor de ônibus. Os SUV adentraram a Avenida,
Évora os viu pelo retrovisor. Mesmo longe, mesmo não podendo distinguir os
veículos, soube, Tenente Ramires viera pessoalmente.
Fora
mais fácil do que esperava. Não que perseguições fossem simples, mas Jacob
planejara os horários, sabia que sua capacidade a transformaria em uma piloto
muito acima da média, confiava do talento de Sarah, traçara o caminho. Tudo
veio lhe veio a mente como um plano minucioso do noivo. Mas agora chegava a
parte em que nem mesmo ele tinha certeza se daria certo.
Os SUV
seguiram o Maverick até a entrada do estacionamento Central Park, o maior do
estado, às margens do rio. Quando Ramires desceu da viatura e ordenou o
perímetro sua presa já fazia a volta no quarto andar do gigante amontoado de
carros. Quatro viaturas seguiram pela pista em espiral que o carro entrara. A
avenida foi fechada e a célebre frase "Você está cercado" se
preparava para passar pelo megafone quando a explosão atirou estilhaços de
vidro, concreto e fogo no meio da noite. Em uma fração de segundo um novo
estrondo, a maioria das pessoas gritavam e se atiravam no chão, Ramires
ordenava os civis e procurava por feridos. Quando ergueu os olhos para o
estacionamento vislumbrou sua presa, o Maverick 72, batido, com as rodas para
cima, caíra em chamas sobre a calçada, quatro andares acima seus oficiais
fitavam-no do que sobrara da parede do estacionamento.
...continua
Sidney Sheldon?
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